28 de jul. de 2010

Meu Inferno do Norte

por Hebert Wagner Polizio,

Como o assunto aqui é sempre sobre quadros ou bikes completas, resolvi analisar uma parte desse todo, até poderia tomar como premissa a afirmação de um amigo e treinador que considero muito: “A base de uma bike é um bom quadro, um bom pedivela e uma ótima roda”.

Resolvi me ater nessa coluna ao item rodas, elas de uns tempos para cá adquiriram um viés quase sempre calçado no trinômio Aerodinâmica, Rigidez e Peso.

Dentre os melhores fabricantes de rodas de hoje e nesse grupo devido a minha paixão emocional posso citar: Campagnolo, Fulcr
um, Mavic, Lightweight e
Zipp, vemos uma tendência quase que unânime, de buscar
as qualidades citadas acima; essa busca foi gerada por uma demanda de mercado sempre orientada para anseios “racing’s”, mas se esqueceram que existem ciclistas que pedalam orientados para outros propósitos.

As rodas também sempre despertaram cobiça porque em grande parte das vezes é um item de fácil percepção do retorno do investimento, além de ser de uma beleza plástica.

Hoje sinto falta das minhas velhas e boas rodas de 36 e 32 furos, com raios cruzados por 3 para rodar em alguma estrada não muito especial.

Vocês já repararam a incidência exatamente dessas rodas com enraiação tradicional e perfil baixo, quase sempre montadas à mão em provas como Paris-Roubaix ou Tour de Flandres? Elas estão lá pela maior resistência e conforto que conseguem gerar sobre os pavês (aqui podemos citar a marca italiana Ambrosio que coleciona inúmeras vitórias nessas duas provas, sendo a ultima com Tom Boonen na Paris-Roubaix 2009).

Com saudades desse tipo de roda que
possui certo
ar vintage, acionei meus contatos para meu mais recente projeto: Montar um par de rodas para
“curtir buracos”; mandei vir do exterior aros Mavic Open Pro, cubos Campagnolo Rec
ord e raios DT Swiss 2.0, como detalhes usei nipples dourados para um acabamento ainda mais primoroso; só me faltava provar sua eficiência sobre um pavê tupiniquim (a dificuldade de achar esse tipo de peça aqui é muito grande, dado seu baixo apelo comercial).

Como gosto de comparar levei para esse meu pedal 3 pares de rodas: minhas rodas montadas a mão, uma Campagnolo Neutron Ultra e uma roda Ritchey tubular de carbono com perfil alto (às vezes acho que essa minha “firula” toda de fazer essas comparações e analises acaba sendo uma mera desculpa para perder tempo com o trabalho que tudo isso dá e acabar efetivamente pedalando muito pouco..rsss!!! – dentro em breve irei analisar menos e pedalar mais!!!).
Acabei comparando vertentes comerciais pelas quais os fabricantes de rodas passaram; a Neutron foi concebida para subidas, tem perfil bem baixo e raios posicionados radialmente (sem sobreposição) já a Ritchey possui raios cruzados para maior rigidez e um perfil de quase 4 cm em um aro de carbono com predisposição mais aerodinâmica e a vantagem da alta calibragem do pneu tubular.


Usando as rodas clássicas posso afirmar que sofremos a mesma evolução pelo qual passaram os quadros, a rigidez foi aumentada de forma quase que exponencial.


A aerodinâmica é conseguida via um perfil mais alto do aro dando uma melhor manutenção da velocidade via seu melhor coeficiente de penetração, já à rigidez usa da qualidade de tensionamento dos raios para atingir a excelente falta de flexibilidade lateral quando se pedala fora do selim ou em sprint’s; mas minhas rodas vintage’s são superiores apenas em 1 único ponto: O Conforto, mas ainda assim sou louco por elas!

Será que eu estou fora de propósito ou nasci e treino sobre o asfalto da maior filial sul-americana da Rainha das Clássicas??? “Meu inferno não é só no norte!!!”


Hebert Wagner Polizio é responsável comercial do Grupo http://www.fastrunner.com.br, colunista da Revista VO2, colecionador e alucinado por bicicletas clássicas.

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