1 de jun. de 2012

Cadeirante e senhora de quase 70 anos dão exemplo no Ironman

Eram 23h22 de domingo, 27 de maio, em Florianópolis. No Clube Doze de Agosto, em Jurerê Internacional, depois de mais de 16 horas de prova, o público nas arquibancadas da reta final do Ironman Brasil 2012 dançava ao som da música eletrônica da arena, já acostumado às chegadas dos triatletas.

Foi quando o locutor anunciou que a competidora com maior idade se aproximava. Correndo com passos curtos e com o tronco penso para seu lado esquerdo, fruto do desgaste, a estadunidense Theo Carroll foi ovacionada pelos presentes com o mesmo entusiasmo que o argentino Ezequiel Morales, vencedor da prova, fora cerca de oito horas antes.

Theo tem 69 anos. “Foi o meu sexto Ironman, o primeiro fora dos Estados Unidos”, conta a senhora, que completou duas vezes a prova da Flórida, uma a do Arizona e outras duas vezes o Mundial, no Havaí. Como era a única em sua categoria no Brasil, garantiu a vaga para seu terceiro Mundial. 

Ela começou no triathlon com 54 anos e fez seu primeiro Ironman aos 60. “Pouquíssimas mulheres da minha idade fazem isso. Quero ajudar as pessoas, mulheres especialmente, a perceber que nada é impossível. E nunca é tarde demais”, afirma.

Motor - Em seu décimo Ironman Brasil, Eliziário dos Santos é outro exemplo de superação. Conhecido como Motorzinho, ele foi o primeiro colocado na categoria de cadeirantes.

Normalmente Motorzinho compete sozinho, mas desta vez teve a companhia do suíço Andres Figueroa. “Ele é um menino que está começando, tem um equipamento muito bom. Há três anos também teve a participação de um espanhol que foi muito bem”, conta o paraatleta.

No domingo, o cadeirante brasileiro bateu seu recorde pessoal na prova, que era de 13h33min, de 2007. Seu tempo neste ano foi de 13h04min10. “Foi difícil porque o mar estava com correnteza, tive que fazer mais força e isso me fez passar mal no handcycle [o equivalente à bicicleta]. Depois de duas horas de pedal eu melhorei e consegui imprimir meu ritmo de prova”, descreve.

Desde 2006 Motorzinho participa da competição florianopolitana graças ao apoio da Latin Sports, organizadora do evento. “Eles pagam todas as despesas para eu competir aqui, sou muito grato ao Carlos Galvão e toda equipe”.

Sonho e apoio - O cadeirante ressalta que um de seus maiores incentivos é o suporte do público durante o percurso. “Eles me incentivam bastante o tempo todo, isso me empurra para seguir em frente”, conta.

No entanto, falta ainda para Motorzinho um patrocínio, um apoio financeiro que permita que ele realize o sonho de competir fora do País. “Gostaria de ir para Kona, ou mesmo para o 70.3 de Miami. Encontrei o pessoal de lá aqui e eles disseram que vão me levar neste ano, espero que cumpram”, finaliza.

Por Paulo Gomes

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