19 de nov. de 2013

Tendinite patelar: inflamação afeta o joelho devido ao esforço repetitivo

Foto: Shutterstock

Ortopedista explica que o problema está ligado ao excesso de treinos e microtraumas repetidos em esportes como a corrida, vôlei e o basquete


A tendinite patelar, conhecida na língua inglesa como Jumpers Knee (joelho do saltador) é uma condição que, apesar de aparentemente inofensiva, pode levar à grande incapacitação à prática esportiva. Blazina foi o primeiro autor a estudar a doença em 1973, descrevendo uma tendinopatia (doença do tendão) visto em atletas que praticavam salto a distância.

O joelho do saltador normalmente afeta a fixação do tendão patelar do polo inferior da patela devido ao mecanismo que ocorre durante a desaceleração no esporte. A incidência é maior nos homens. É uma das doenças do joelho mais comuns em atletas, ocorrendo em até 20% dos que praticam salto. Quanto ao lado acometido, homens e mulheres são igualmente afetados quando ocorre bilateralmente. Quando ela é unilateral, a relação é de dois para um. 

Por que a doença se desenvolve?

Acredita-se que a patologia seja causada por esforço repetitivo sobre o tendão patelar e do quadríceps, durante o salto. É uma lesão específica para atletas, principalmente aqueles que participam de esportes envolvidos na desaceleração, como basquete, vôlei, handebol e corrida de rua. É ocasionalmente encontrada em jogadores de futebol, e em casos raros, pode ser visto em esportes como musculação e ciclismo.

Fatores ligados ao treino incluem falta de preparo físico direcionado ao esporte, técnica inadequada e aumento súbito da intensidade e frequência do esporte (overtraining). No esporte, joelho é uma articulação, cujas funções são a de absorver a energia cinética gerada pelo contato dos membros inferiores ao solo e transmitir o movimento aos demais seguimentos do corpo.

Isto se deve a dois mecanismos básicos: a chamada contração muscular excêntrica, onde a fibra muscular contrai e alonga-se resistindo ao movimento e aos graus de flexão.  Em uma corrida, por exemplo, a força de reação ao solo, que chega a ser duas vezes o peso do indivíduo, é absorvida pela flexão do joelho entre 50 e 60 graus e pela resistência do quadríceps, ou músculo anterior da coxa.

O restante é dissipado pelo quadril e coluna vertebral. A doença ocorreria da perda deste equilíbrio. De uma certa maneira, o quadríceps deixaria de absorver toda a energia cinética e o tendão, sobrecarregado, sofreria micro-ruptura e degeneração.

O que se sente?

Os pacientes relatam dor anterior do joelho, muitas vezes contínua. O início dos sintomas é insidioso. Normalmente, o envolvimento é infrapatelar ou perto do polo inferior. Dependendo da duração dos sintomas, o joelho do saltador podem ser classificados em uma a quatro fases:

* Fase 1 - dor apenas após a atividade, sem prejuízo funcional
* Fase 2 - dor durante e após a atividade, embora o paciente ainda é capaz de executar satisfatoriamente em seu esporte
* Fase 3 - prolongada durante e após a atividade, com a dificuldade crescente na realização de um nível satisfatório
* Fase 4 – Ruptura completa do tendão exigindo reparação cirúrgica.

O exame físico pode revelar aos seguintes achados:

* Ponto de dor no polo inferior ou superior da patela, ou tuberosidade tibial
* Encurtamento dos isquiotibiais e quadríceps.
* estabilidade ligamentar normal do joelho.
* Derrame intra-articular do joelho (raro)

Tratamento

Na fase aguda, impreterivelmente, institui-se os programas de reabilitação, incluindo:

* Modificação Atividade: Diminuir as atividades que aumentam a pressão femoropatelar (por exemplo, pular, agachar). Possivelmente início suave atividades de carregamento excêntrico.
* Crioterapia: Aplicar gelo por 20-30 minutos, 4-6 vezes por dia, especialmente após a atividade.
* Melhoria do alongamento: incluindo (1) os flexores do quadril e joelho (isquiotibiais, gastrocnêmio, iliopsoas, reto femoral, adutores), (2), extensores de quadril e joelho (quadríceps, glúteos), (3) da banda iliotibial, e ( 4) o retináculo patelar.
* Reforço muscular: Fortalecer usando cadeia cinética fechada e exercício excêntrico (ou seja, a perna única descidas agachamento).
* Avaliação isocinética: Detecção de possíveis desequilíbrios musculares através da analise do dinamômetro isocinético e tratamento dos mesmos.
* Treinamento proprioceptivo específico, pliometria e retorno programado e assistido ao esporte.

Quando se opera?

Em geral, após falha do tratamento conservador, indica-se o cirúrgico. Os dois principais procedimentos incluem a perfuração do polo envolvido e o corte da área acometida do tendão.

O objetivo da perfuração é aumentar o suprimento vascular para a área afetada. Recentemente, com a chegada da artroscopia do joelho, é possível que seja realizada sem a incisão anterior clássica. O segundo procedimento envolve o corte longitudinal do tendão envolvido. O principal benefício deste procedimento é que ele permitiria a retirada de todo o tendão doente, com posterior cicatrização da lesão.

Retorno ao esporte

Retornar para o esporte deve ser baseada na capacidade de um atleta com segurança e habilidade executar atividades esportivas específicas. Quando os sintomas persistem apesar do tratamento conservador ou até mesmo tratamento cirúrgico, o atleta deve pesar os benefícios e as consequências de jogar com dor.

A complicação mais comum é a dor persistente durante o esporte. A mais temida é a ruptura espontânea do tendão, que em geral ocorre após uma contração abrupta do músculo quadríceps, levando a ascensão súbita da patela e incapacitação imediata. Esta condição leva à necessidade imediata de reparo cirúrgico.

A prevenção de sua ocorrência envolve fatores como:

* Avaliação do aparelho locomotor voltada à biomecânica do esporte.
* Preparação física para a prática esportiva desejada.
* Prática esportiva supervisionada por um profissional do esporte e, se possível também por um fisioterapeuta para que se evite erros no gesto esportivo ou overtraining.


Fonte: Globo Esporte | Adriano Leonardi, médico ortopedista, especialista em traumatologia do esporte e cirurgia do joelho.

Bons treinos!
Equipe Fast Runner
Por Fast Runner
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